Dom, prática, esforço (e escolha): maternidade
Algumas pessoas nascem com o dom, outras tem a capacidade de desenvolvê-lo quando se deparam com a origem de outra vida na sua. Maternidade. No dicionário qualifica o laço entre mãe e seus filhos. Estado, qualidade de ser. Mãe. Aquela que gerou ou criou. Para essa pessoa os verbos mais importantes são: dar e doar, mas não qualquer coisa, presenteia com amor, carinho e cuidado.
Sangue não conta, parentesco é um mero acessório, DNA é dispensável. O relevante é o que se pode dar. Afeto e ternura.
Algumas pessoas nascem, assim, prontas para serem mães.
Há quase duas décadas, em 2002, era lançado a nona temporada do sitcom Friends, narrando um pedaço da trajetória de Mônica e Chandler até se tornarem pais. Ao descobrir que o casal não conseguiria conceber a criança por meios tradicionais, resolveram adotar. Como todos sabem, o processo de adoção é trabalhoso, mas Chandler nunca desiste de dar uma criança para a sua esposa. Numa cena, ele fala à personagem de Anna Faris, Erica:
“A Mônica já é uma mãe… Sem um bebê.”
A maternidade é dom. Prática. Esforço.
Primeiro porque é um presente, escolher e ser escolhido por aquela pessoa, seu filho. Segundo por causa do exercício diário de amar e cuidar. Terceiro pelo ato de se negar pelo bem do próximo.
Nasci com ela. O desejo pela maternidade me encontrou ainda nos primeiros anos de idade. Aos seis anos, brincava com a boneca Pampers como se ela fosse realmente uma vida originada pela minha, alimentava com a mamadeira de brinquedo, dava banho numa banheira que anteriormente havia sido usada por mim, vestia e embelezava. Fiz isso durante anos até cruzar caminho com uma Nazaré Tedesco.
Movimentos de translação eram feitos sinalizando a passagem dos anos, e a cada ciclo o desejo de ser mãe aquecia ainda mais o coração. Digo:
“O casamento pode até não acontecer. Mas, meu desejo mesmo é ser mãe”.
Uma experiência sinônima se deu dentro da igreja. Quando Paulo, apóstolo de Cristo diz que gerou Timóteo, ele estava falando sério. Tive o prazer de conceber cerca de cinco crianças, ajudando em momento espirituais. Fui acordada às três da madrugada para enxugar lágrimas, recebi pedidos louco. Fui amada com força e retribui com intensidade ainda maior.
A certeza sobre ser mãe aparecia em formato de pergunta quando viam que eu tinha o dom com crianças.
“Tu quer ser pediatra, né?”
“Não, professora.”
“Ah, é que tu tem tanto jeito com criança”.
“Ok.”
Algumas pessoas nascem sendo mãe, outras adquirem durante o tempo, ainda há quem só se torna quando vê a sua crianças nos braços. Existem pessoas que nunca vão desejar a maternidade.
E tá tudo bem com o que escolher.