O espaço dos livros

Isabelly Emiliano
3 min readJul 17, 2021

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Nunca tive uma estante, mas criei o espaço para guardar meus livros.

Sempre li, meus pais preferiam uma criança com a cabeça “enfiada” nos livros do que na rua. Pegava emprestado de uma vizinha, e morria de inveja dela, o quarto lotado de obras: na estante, no chão ou embaixo da cama. Sempre havia uma ótima opção para escolher e assim fui me apaixonando pelas palavras. Não tínhamos dinheiro ou espaço para comprar e isso me deixava chateada.

Via fotos e me espelhava em filmes famosos, sonhando com uma biblioteca particular. Mas, o quarto que dividia com meu irmão, era um cubículo que só cabia o beliche, uma mesa e guarda-roupas. Quando ele começou a trabalhar, desenvolveu gosto por livros famosos e começou a comprá-los.

Passamos a ter uma coleção de Harry Potter (J.K. Rowling), As crônicas de Nárnia (C.S. Lewis) e o primeiro volume de As crônicas de gelo e fogo — A guerra dos tronos (George R.R. Martin). Ainda não tínhamos espaço, mas o garoto estava determinado a ter uma estante.

Foi quando decidimos arrumar o guarda-roupas. Era um móvel preto e branco com portas de correr, espelho na do meio e algumas gavetas. Separamos nossas roupas, tiramos algumas para doar e dobramos as que ficaram em rolinho para ocupar o mínimo de espaço possível.

O meio ficou vazio.

Foi ali que ficaram nossos primeiros livros.

A coleção foi crescendo, até não caber mais. Meu irmão foi me presenteando com livros, e eu nunca mais peguei emprestado daquela vizinha.

Mudei de casa, entrei na faculdade, arrumei um emprego, passei a conseguir comprá-los. Mas, o espaço ainda é pequeno, durante anos guardava-os nas gavetas e portas da escrivaninha, quando não havia mais lugar, arrumava uma caixa no supermercado e enchia uma pilha embaixo da cama.

Tinha poeira, atacava a minha rinite, mas eu gostava de ter livros.

Estava a um passo de realizar o sonho de ter uma grande estante.

Nunca aconteceu e é provável que não vá acontecer, o Kindle tem sido mais econômico e antialérgico para uma jovem que tem alergia a papel. Mas, isso não impede de ter um cantinho com livros físicos e olhá-los enquanto trabalho. Não é algo grande, mas é confortável e possui a identidade das pessoas que dividem o quarto.

Minha “estante” é quase assim

Durante uma faxina, eu e meu irmão achamos algumas pranchas de madeira. Pensamos no mesmo instante, nossos livros estavam espalhados pelo quarto, seria tão bom se os dispusesse na parede. Em 10 minutos, já organizamos por autor e tamanho, não é o ideal, mas o possível.

Enquanto escrevo esse texto, sentada numa cadeira gamer preta e vermelha, da forma mais desconfortável possível, olho para o alto e vejo o que temos, livros, revistas, planners, cadernos, DVDs e jogos para o XBOX e tenho a sensação de lar.

Construímos o nosso espaço, transformamos “algum lugar” no “lugar de alguém”.

Estou sorrindo ao olhar meus exemplares.

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Esse texto faz parte do primeiro desafio de escrita proposto por Esdras Pereira, valorizo a importância de se superar. E apoio desafios porque mostra que as pessoas podem escrever sem inspiração.

Escrevi essa redação em poucos minutos após olhar para os poucos livros no quarto, usando apenas “força de vontade” (e técnica de escrita).

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Pode me chamar de Belly, sou jornalista, escritora e apaixonada por contar histórias humanas.

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Isabelly Emiliano
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Written by Isabelly Emiliano

Escritora muito antes de ser jornalista. Acabei de escrever um livro que precisa ser publicado. Enquanto o dia não chega, você pode ler alguns textos aqui.

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