Ler e praticar não é tudo o que é preciso saber “Sobre Escrita”
Se há uma coisa que todo escritor deveria saber é que sua profissão é superestimada, algumas vezes pela fama outras pela ideia de que sempre vai escrever uma história fantástica. Stephen King tenta quebrar isso em “Sobre Escrita”, ao retratar que ele via que o profissional só mantinha o seu ofício porque amava o que fazia.
A romantização da profissão ou da própria ação é inevitável, dito isso porque em qualquer de outra área, que nutrisse realmente afeto pelo seu serviço, falaria da sua rotina com brilho no olhar. Embora, não vejamos a imagem de King enquanto se lê é possível usar a criatividade e imaginação para ouvir a sua voz embebida de prazer a cada letras, principalmente das partes finais.
Em todo o mundo, há exemplos literários que nos fazem idealizar a profissão, por vezes como o pote de ouro no fim do arco-íris, como se fosse apenas escrever bem que editoras se curvariam para publicar o livro. Outras pelo estilo boêmio do escritor, viciado em álcool ou drogas, usando desses entorpecentes acender a lâmpada criativa acima da cabeça. Ainda também a ideia de que é tão difícil ser publicado, aonde Stephen devaneia tanto. Talvez seja o ano de publicação (1995) de “Sobre Escrita”, mas há tantas formas de fazer isso.
São 255 folhas de uma linguagem simples, adepta de aspectos da coloquialidade e uma contextualização breve de sua vivência antes e como escritor, aproveitando para dar dicas práticas por ele usadas durante a carreira. Capítulos curtos que mostram Stephen King não como um romancista famoso e premiado, mas sim como a criança “Stevie”, tão afoito como o próprio Zezé do clássico brasileiro Meu Pé de Laranja Lima. É possível ser apresentado também ao marido e companheiro apaixonado, filho enlutado e pai amoroso em tão breve relato.
A obra dividida em três parte conta o que o levou a se tornar escritor, tenta ensinar profissionais a escrever e depois como as palavras lhe mostraram o sentido da vida. O problema talvez esteja no segundo ponto, ao tentar indicar a melhor forma de melhorar o processo de criação, afirma que os cursos de escrita criativa sejam desnecessários e pouco. Será que daria para ser expert no assunto apenas usando a fórmula mágica citada pelo autor de Carrie, a estranha:
“Ler muito e escrever muito”?
Embora seja de extrema relevância as referência, de acordo com a intensidade de leitura e prática, o escritor em si não desenvolveria a sua voz. Fadado então, a reproduzir semelhanças com a de um ídolo e podendo evoluir apenas até o patamar de escritor mediano, no mesmo tipo que Stephen se coloca. Contudo, todos os leitores sabem é uma demonstração de humildade, já que pela criatividade, genialidade e originalidade, está apenas alguns andares abaixo de um exemplo usado no livro: William Shakespeare.
É uma narrativa impactante de um autor com muita bagagem para compartilhar. No entanto, sou tentada a dizer que, se o escritor não for adepto a ficção, fuja. Tudo o que foi dito é bom e aproveitável para qualquer pessoa que crie sua história na cabeça. Mas, aqueles que preferem a realidade, fazendo perfilados ou matérias jornalísticas, podem se sentir subjugado ao ler que é o suficiente apenas para o básico.
Stephen King fez um trabalho especial sobre escritores excepcionais que têm escritos tão interessantes como Senhor dos Anéis e Harry Potter. No mais, indo contra ao autor, os cursos de escrita criativa são importantes e mais produtivos que se imagina para encontrar a voz na escrita.
Portanto, leitura e prática é interessante, mas não tudo. Técnica, marketing e network é igualmente sobre escrita e King deixou de adicionar à fórmula mágica.