Os companheiros merecem gratidão

Isabelly Emiliano
3 min readJul 19, 2020

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Quando planejo escrever, a primeira coisa que faço é pesquisar o significado da palavra no dicionário. Só dessa forma parece ser possível definir algo e alguém, assim o fiz antes de fazer essas letras surgirem no papel. Companheiro, passei o dia inteiro pensando nesse termo, lembrando daqueles que são tão bons que aceitam seu próximo com todas as mazelas e trejeitos irritantes.

Graças a divindade, todos devem ter pelo menos um companheiro.

O dicionário define como “alguém que acompanha, faz companhia ou vai na companhia”, mas assim como qualquer elucidação, é limitante. É nada mais ou menos que um amigo, na verdade aqueles dos bons. O privilegiado que mesmo por meses ou anos sem se encontrar, ainda parece que nunca deixaram de se comunicar.

É esse um dos primeiros na lista de convidados do próximo aniversário.

Ser companheiro é muito mais do que se fazer presente, ele não sufoca ou envergonha com as demasiadas perguntas que poderiam ser evitadas se tivesse tido esforço para conhecer o outro. Com ele, é seguro ter um ataque de birra, chorar, gritar e pisar duro no apartamento, porque depois disso tudo vai sorrir, fazer piadas toscas e oferecer sorvete. No final, quando a calma voltar a se instalar, o companheiro vai dizer:

“Eu sei que é difícil, vai ficar tudo bem. Tu não podes desistir.”

Naquele momento, o mundo atrás dos olhos, que estava desbotado, volta a ter as cores vibrantes habituais, como, o brilho dourado do sol ou o azul claro do céu.

O companheiro é aquele amigo que poderia ir embora, o santo não deveria ter batido, no entanto bateu. A energia mesmo sendo tão distinta, casou. Após tantos erros, o perdão é um presente repetido. O abraço é tão macio e quente que após a experiência traumática que quebrou o coração em pedaços, todos os pedacinhos voltam ao seu lugar com um cola cheia de carinho e naturalidade.

O companheirismo acontece, talvez porque nasceram do mesmo útero ou porque se conhecem há mais de dez anos, e sempre apoiou os sonhos, se preocupou e foi paciente. Pode ainda sim, ser sua melhor amiga há pelo menos oito rotações, que mesmo ligando todos os dias as 3 da manhã a vontade de estar perto não cessa. Além daquela pessoa que veio de presente de outra amizade, mas se tornou tão mais forte.

Cansamos de falar e ouvir que mesmo os bons amigos vão embora, certo? Parafraseado o meu querido Timão, de O Rei Leão (1994):

“errado, quando um amigo vira as costas pra você, você vai pra frente dele.”

E é por causa desses poucos, próximos que não dá vontade de desistir. A cada compartilhar em apoio, tem um sorriso de agradecimento. Também após aquele doloroso ataque de pânico, o “vai ficar tudo bem” é tão genuíno que é fácil acreditar, mesmo que quando acontece na presença desse amigo, a única coisa que conseguiu fazer foi passar algumas pedras de gelo no pescoço rígido.

Mesmo que não diga sempre, o obrigado é necessário, que seja silencioso. Sincero, verdadeiro e a maior forma de manter esse laço tão inquebrável.

O pior disso tudo é; não poder saber o dia seguinte, o que vai acontecer. Será mesmo que continuaremos juntos? Ou que ainda poderemos nos chamar de companheiros? Na vida, até os nossos irmãos de sangue podem ir embora, ainda bem que o meu resolveu ficar e está se empenhando em se tornar um amador chef gluten free.

Ao menos que sejamos siameses, ninguém é obrigado a ficar.

Expressemos, então, a gratidão, amor, afeto, sinceridade, plenitude e segurança de ter uma pessoa tão especial ao nosso lado.

Como você.

Você leu até aqui? Eu ficaria muito feliz se você batesse palminhas.

Ah, também separei outro texto sobre amizade para você, basta clicar no link:

Carta aberta aos amigos

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Isabelly Emiliano
Isabelly Emiliano

Written by Isabelly Emiliano

Escritora muito antes de ser jornalista. Acabei de escrever um livro que precisa ser publicado. Enquanto o dia não chega, você pode ler alguns textos aqui.

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