Ter química é a cereja do bolo

Isabelly Emiliano
3 min readApr 6, 2020

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Quando eu era criança, minha avó me doutrinava de acordo com os gostos dela para escolher um parceiro. Ela, que tinha casado com um policial, sempre expunha para o mundo o seu total apreço por homem fardado. Contando suas histórias passadas, quando ainda jovem havia se apaixonado por um militar.

“Ah, a paixão, minha filha. Você fica doida é muita química, como dizem!”, dizia ela.

Ainda de acordo com as suas informações, a paixão tem o poder de fazer com que as pernas tremam, as mãos ficam escorregadias de tanto suor, o coração salta no peito na velocidade de um carro de Fórmula 1 e a ansiedade domina para o reencontro.

Ou, parafraseando a frase icônica de Meninas Malvadas (2004):

“Eu estava obcecada, passava 80% do meu tempo falando sobre ele. E nos outros 20%, eu torcia para que alguém falasse sobre ele para eu poder falar mais.”

Ter química é a cereja do bolo

Direi que é paixão! Segundo o dicionário de língua portuguesa, esse adjetivo classifica um sentimento que pode mudar o nosso comportamento e ações. É um negócio de louco, né? No primeiro momento é de um jeito e no outro você se torna um Ted Mosby.

Costumo a dizer que existe uma Síndrome do Teodore Evelyn Mosby, personagem da sitcom How I Met Your Mother, aonde ele é protagonista e sempre que tem um interesse amoroso, muda o pensamento para que a moça passe a gostar dele. Essa é uma estratégia, mas não eficaz se você não pensa igual.

Ter química é a cereja do bolo

A verdade é que aprendemos em todos os lugares que se apaixonar é fácil. É bem parecido com o que é dito na música da banda recifense Sedutora: “me olhou, te olhei, paquerou, paquerei. Aí então bateu a química.” Assim, assistimos produções que os protagonistas se odiavam e o enredo se arrasta de uma forma que fiquem juntos no final. Enquanto, na vida real, não é apenas a atração que importa, mas o posicionamento de pensamento, o cuidado e, acima de tudo, respeito.

Ouso dizer que na paixão a química é apenas a cobertura do bolo. Embora o exterior atraía queremos saber se é mesmo gostoso.

Há anos ouvia sobre a existência de uma pessoa perfeita, atraente, opiniões convergentes, que se completariam. Mas, nem no meu mais perfeito enredo ousaria escrever isso. Seria como tirar a humanidade das pessoas, ao ponto que não descrevo o que as diferencia. A graça está em interagir com o distinto, ou seja, as brigas existem, como também a atração, mas as opiniões podem divergir. E é normal.

Já crescidos aprendemos que mesmo a pessoa seja fisicamente perfeita, o que ela guarda dentro pode não ter a mesma intensidade atrativa. E isso pode nos afastar, fazendo com que a paixão não exista porque vem com conversa, conhecimento do outro, compartilhamento de ideias.

Na paixão, afortunado é o casal que também tem química.

Então, minha querida avó que me desculpe, preciso de mais na hora de me apaixonar. Ainda por cima, amar.

Ter química é a cereja do bolo

Se tu leu até aqui deixa as tuas palminhas

Ah, separei alguns textos pra tu, olha aqui embaixo:

O peso de ser mulher

Ainda falta muito pra amadurecer

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Written by Isabelly Emiliano

Escritora muito antes de ser jornalista. Acabei de escrever um livro que precisa ser publicado. Enquanto o dia não chega, você pode ler alguns textos aqui.

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